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terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Quando Está Frio no Tempo do Frio





Quando Está Frio no Tempo do Frio


Quando está frio no tempo do frio, para mim é como se estivesse agradável,
Porque para o meu ser adequado à existência das cousas
O natural é o agradável só por ser natural.

Aceito as dificuldades da vida porque são o destino,
Como aceito o frio excessivo no alto do Inverno —
Calmamente, sem me queixar, como quem meramente aceita,
E encontra uma alegria no fato de aceitar —
No fato sublimemente científico e difícil de aceitar o natural inevitável.

Que são para mim as doenças que tenho e o mal que me acontece
Senão o Inverno da minha pessoa e da minha vida?
O Inverno irregular, cujas leis de aparecimento desconheço,
Mas que existe para mim em virtude da mesma fatalidade sublime,
Da mesma inevitável exterioridade a mim,
Que o calor da terra no alto do Verão
E o frio da terra no cimo do Inverno.

Aceito por personalidade.
Nasci sujeito como os outros a erros e a defeitos,
Mas nunca ao erro de querer compreender demais,
Nunca ao erro de querer compreender só corri a inteligência,
Nunca ao defeito de exigir do Mundo
Que fosse qualquer cousa que não fosse o Mundo.


Alberto Caeiro, in "Poemas Inconjuntos"



Obrigada pela sua visita. Volte sempre.



2 comentários:

deanceriz disse...

Bonito poema do "nosso" Alberto Caeiro sobre a vida que se vive subordinada à nossa viagem pelo tempo-período que nos é disponibilzado, harmoniosamente inserido e enquadrado com a foto de uma maravilhosa e bonita paisagem de Inverno de Sobral Magro.
Cumprimentos

alfacinha disse...

Este blogue é sempre um prazer para visitar.Dá-me asas
cumprimentos